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Ser emigrante... (Que) Coragem!

Este é um tema muito debatido nos dias de hoje, infelizmente. Mas preciso de falar acerca disto.

Cada vez mais, somos obrigados a sair do nosso país, a deixar as nossas raízes para trás, a lutar por uma vida melhor, a tentar ser alguém neste mundo cruel e a tentar não desiludir quem fez tudo por nós…

Grande parte das vezes, não serve de nada termos o diploma da Licenciatura, do Mestrado ou do Doutoramento na mão.

Só queria demonstrar o orgulho que sinto por todos os emigrantes. Eu sofro por eles. Eu tento-me pôr no lugar deles e desisto logo no primeiro minuto. Eu imagino o difícil que seja viver num país que não o nosso. Eu espero, do fundo do coração, nunca ter que emigrar porque não iria conseguir.

Muitas pessoas pensam (talvez para não sentir pena dos emigrantes), que eles saem um ano do seu país e enriquecem, que a vida deles é só regalias e luxuosidades. Gente, não é por chegarem cá, no verão, com grande carros ou com mais uns euros no bolso que viraram as pessoas mais ricas e felizes do mundo.

Ninguém sabe o que eles têm que passar e trabalhar para conseguir isso.

Ninguém sabe o que eles sentem quando se despedem dos pais ou quando atravessam a fronteira.

Ninguém sabe o que eles sentem ao sair à rua e não ouvirem ninguém falar a sua língua, ou comer a comida que estavam habituados.

Ninguém sabe o difícil que é querer voltar a casa uma vez por mês e não poder.

Ninguém sabe o que é perder o crescimento e os momentos importantes dos familiares, as brincadeiras dos amigos, as festas e as tradições da nossa terra.

Ninguém sabe a solidão que sentem, na rua, no trabalho, à mesa ou na cama.

Por favor, não julguem sem saber o que vai no coração destas pessoas corajosas, com uma força gigantesca.

Já vi muitos amigos e colegas emigrarem, e parte do que eles sofrem. Também já vi muitos amigos quererem faze-lo e não serem capazes por saber o difícil que é e então preferirem o sossego da sua casa, mesmo que desempregados. Já vi famílias emigrarem, quando supostamente deveriam estar a aproveitar tudo o que construíram ao longo da vida.

Todos nós, já vimos, e devemos respeitá-los como gente grande.

Os emigrantes quando vêm de férias apercebem-se que muita coisa mudou. As ruas mudaram e os locais habituais já não são os mesmos. As conversas de café já nada têm a ver com as que tinham. Os pais e avós envelheceram. Muitos amigos passaram a ser conhecidos, e os conhecidos já nem cumprimentam na rua.

Sou filha de emigrantes que conquistaram tudo aquilo que se sonha. Tinham uma casa, empregos, carros, filhos, dinheiro, saúde, mas faltava alguma coisa. Continuavam inquietos, incompletos, à procura de uma coisa especial, essencial. Cansaram-se dessa vida e regressaram às suas origens.

Deixem-me dizer-vos que não há maior felicidade que viver junto da família, dos nossos amigos, dos nossos costumes. Só aí o nosso coração estará sossegado e cheio de amor.

Já sabem que um dos meus lemas de vida é, “My home is where the heart is”, por isso, muito respeito pelos emigrantes e que eles voltem depressa.

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