Questiono-me sobre a existência da humanidade neste planeta, chamado Terra, que até agora é o único com vida. Somos uns privilegiados. Esse é o maior valor que as pessoas devem possuir, o amor à vida.
Na minha opinião, e como já devem ter percebido, acho que há muitas coisas erradas na mentalidade das pessoas. Sempre nos mentalizaram a ser bons em tudo, e grande parte delas é isso que tentam ser em toda a sua vida. Eu própria fui e sou um pouco assim.
Temos de ter boas notas, temos de passar de ano, temos de entrar na universidade com boa média, temos de acabar o curso para sermos alguém na vida, temos de arranjar o melhor emprego da nossa área, temos de ter uma casa de sonho, um carro de fazer inveja, um salário bom, e tudo num prazo de 35-40 anos, senão é como se passássemos de validade. Não percebo porque tanta aflição para conseguir tudo até determinada idade, como se depois uma pessoa já não servisse para viver.
Pois bem, eu tenho 22 anos e não sonho com isso.
Sonho sim com um emprego que me faça feliz, que me faça ter vontade de sair da cama todas as manhãs, tanto na minha área ou não. Já estudei tanto que já vou saturada de tentar agradar a toda a gente com as minhas altas notas para depois no fim não servir de nada. Sonho em ter um lar, um espaço a que eu chame de casa e que seja decorado à minha maneira, com todos os meus gostos, com as paredes pintadas por mim, e com os móveis que eu própria vá a montar. Sonho em cozinhar por gosto e não por obrigação. Sonho em receber carinho das pessoas que mais gosto. Sonho em ter filhos, bonitinhos e fofinhos mas principalmente saudáveis. Sonho em ter um carro que não precisa de ser top de gama, simplesmente que me permita deslocar sem ter que andar em transportes públicos (odeio confusão, horários rígidos e pessoas mal encaradas logo de manhã).
Como disse, somos ensinados a ser os melhores em tudo mas pra quê?
Já tirei muitas negativas, já pensei dezenas de vezes em desistir da escola nos meus diversos ciclos de estudo. Já reprovei de ano. Já mudei de casa mais vezes do que queria. Já perdi amigos que considerava irmãos. Mas também já acabei um curso do meu agrado, já viajei a países lindíssimos, já provei comidas fantásticas, já fiz novos amigos pra vida, já tive experiências que não pensei serem possíveis…
E a questão é: o que que realmente interessa? Aquilo que te disseram que tinhas de fazer ou aquilo que tu viveste de uma maneira tão intensa que nunca vais esquecer?
Depois de conquistar tudo o que achávamos que havia para conquistar vais-te sentir completo e plenamente feliz? Pois bem, nunca cheguei a essa fase mas afirmo sem dúvidas nenhumas que NÃO.
Já vi muitos casais construírem uma linda família e tudo mais e nem assim serem felizes. Percebi que nada é eterno, infelizmente. Nada é para sempre. A vida não é certa. Muitas coisas podem mudar a nossa vida, de uma forma imprevista. Pode ser uma doença, um sonho mal conquistado, uma vida de ilusão ou até a distância para com as pessoas mais queridas.
Não percebo o desejo em arranjar um emprego aos 20 e poucos anos que ao fim e ao cabo só te deixa depressivo, que te faz andar no trânsito e te deixa stressado mal acordas, que te faz passar horas em frente a um computador e às mesmas pessoas. Não percebo porque quê a vida tem de ser só estudar ou trabalhar e morrer.
Claro que digo isto com alguma provocação. É de extremos mas acaba por ser verdade.
A vida é para sermos felizes, para criar e contar histórias, para fazer o nosso coração vibrar, para amar, para comer sem sentimento de culpa, para conquistar experiências, para viajar, para conhecer pessoas e lugares, para sentir cheiros fantásticos, para apreciar as cores lindas da natureza, para dançar até cair de cú… E acreditem que quando digo isto não me estou a esquecer das responsabilidades!
Somos demasiado novos para pensar na reforma e no empréstimo do banco. Caixão não tem gavetas, por isso toca a viver e não a
recolher, porque o que se leva desta vida é a vida que se leva ;)
